Um bate-papo muito agradável com a escritora Claudia Vecchi-Annunciato, autora de “Desabrochar de uma miscelânea” (Escritoras Brasileiras, 2023), “Coisas de se ver” (Tagarela Livros, 2024) e “A princesa atrapalhada e o príncipe fedido” (Tagarela Livros, 2024). Agora estreia com seu primeiro romance, o “Próxima aula” (Ed. Escritoras Brasileiras), lançado na FLIP em 2024 e com lançamento individual em breve.
“Próxima aula” possui uma narrativa delicada e cuidadosa que perpassa pelas dores e as delícias do universo escolar, à medida que apresenta a personagem-narradora Joana, uma professora experiente que, em meio às transformações da vida e da menopausa, busca estratégias para viver seu luto e educar crianças em vulnerabilidade social.
NEWSLETTERA – Claudia, o seu romance de estreia, o “Próxima aula”, foi inspirado na sua carreira como professora, pesquisadora, bióloga e pedagoga? Como começou sua trajetória como escritora e o que você quer passar para os leitores com essa história tão humana?
CLAUDIA – Tudo começou quando recebi uma indicação, de uma amiga, do livro de Carla Madeira, “Tudo é rio”, que li durante uma viagem de avião. Cheia de inspiração, escrevi um conto e timidamente mostrei a outro amigo, que me encorajou a fazer um curso de escrita criativa. Pouco tempo depois, iniciei a Jornada da Escritora, dentro da Escola de Escritoras, e nesse processo comecei a dar sentido à elaboração gradual do “Próxima aula”, que tem um pouco de tudo, entre vivências e esperanças.
NEWSLETTERA – Junto a esse processo, você também passou pelo tratamento de câncer de mama. Como foram essas duas jornadas?
CLAUDIA – Eu sempre li muito, mas, durante o tratamento, até mesmo a leitura sofreu um abalo significativo. Antes do início da Jornada da Escritora, eu estava lendo de dois a três livros por ano; já, no decorrer, essa média superou a marca dos trinta livros, de forma natural e sem metas. Acredito que não existe escrita sem leitura, e tudo o que eu li me ajudou a estruturar a ideia para o romance. Quando comecei a jornada, tinha duas certezas: queria aprimorar minha escrita e escrever para mulheres. A escrita me deu um novo propósito, como costumo dizer, a escrita salva e liberta.
NEWSLETTERA – O livro se passa num ambiente predominantemente feminino, o universo escolar. Como foi trabalhar essa história com uma personagem professora, sabendo a realidade dessa profissão no país?
CLAUDIA – Mesmo não sendo professora de séries iniciais, eu tenho uma profunda admiração pelas alfabetizadoras e, mesmo sabendo da desvalorização da profissão, eu quis revelar o lado humano dessas trabalhadoras tão necessárias para qualquer pessoa. Então, a cada capítulo, vou contando que professora também passa por dores, medos, perdas, afetos e alegrias; enfim existe uma vida cheia de altos e baixos. Eu sempre quis escrever um livro sobre mulheres, para mulheres. E o mais emblemático é que comecei durante meu tratamento oncológico aos 50 anos. Foi muito marcante esta nova etapa, descobrir e aperfeiçoar a escrita. Escrever ocupou um grande espaço na minha vida, transformando a doença em algo não tão importante assim, então estou em tratamento, mas também sou escritora, e isso é bem maior.
NEWSLETTERA – Você também já publicou livros infantis. Como foi?
CLAUDIA – Sou bióloga com mestrado e doutorado em Ciência Básica e por muito tempo escrevi para professoras dos anos iniciais sobre como ensinar processos e fenômenos de maneira a encantar os pequenos estudantes. Nesse contexto, surgiu a ideia da “Princesa atrapalhada e o príncipe fedido”, obra que fala sobre os aromas agradáveis e desagradáveis de uma forma divertida. Já o “Coisas de se ver” apresenta algumas plantas e animais do nosso Cerrado de uma maneira leve, como o balão de Hélio que conta a história. Em breve será lançado, também pela Tagarela, o “Fada de rodopio”. Nele o vento será o elemento do mundo natural em contato com o encantamento da literatura. Esses livros buscam transmitir, de uma forma leve e lúdica, um pouquinho da minha experiência como professora de Ciências e Biologia.
NEWSLETTERA – Parece que a profissão e a escrita caminham juntas para você. Como é seu processo criativo? Qual é o tempo dedicado para escrever literatura?
CLAUDIA – Basicamente escrevo no tempo livre. Trabalho quarenta horas por semana, mas estou sempre com meu bloco de notas do celular na mão, então escrevo quando vem a inspiração e sem muita regra. O “Próxima aula”, escrevi assim e não sabia como terminá-lo, então viajei e fiquei quatro dias sozinha. Nesse período veio o seguinte pensamento: assim que quero finalizar o livro. O texto está sempre na cabeça: escrevo, depois vêm a lapidação, a revisão e, claro, algumas versões.
NEWSLETTERA – O que podemos esperar da escritora Claudia em 2025?
CLAUDIA – Tenho alguns projetos em paralelo, então provavelmente mais um livro de contos e, quem sabe, mais um romance. Algo que descobri nesse processo foi a contação de histórias para crianças. No ano passado, fiz para uma turma de Educação Infantil (menos de 5 anos) e, quando terminei, crianças e pais estavam imóveis, quietos, com total atenção. Foi um momento verdadeiramente mágico.
SOBRE A AUTORA

Claudia Vecchi-Annunciato é escritora, bióloga, pedagoga, mestra e doutora em Ciências pela USP. Descobriu que a escrita salva e liberta depois de passar pelo tratamento de câncer de mama. Publicou seu primeiro livro de contos (Desabrochar de uma miscelânea”) em 2023 e seu primeiro romance (“Próxima aula”) em 2024, pela Editora Escritoras Brasileiras; e os livros infantis (“Coisas de se ver” e “A princesa atrapalhada e o príncipe fedido”) em 2024, pela Editora Tagarela. É membro da Comunidade de Escritoras Brasileiras, da AJEB/São Paulo, e madrinha do projeto Meninas na Escrita. Instagram: @clauvciato_escritora.
Conheça um pouco mais do trabalho da autora: www.escritorasbrasileiras.com.br/claudia-vecchi-annunciato

Adquira o livro clicando aqui.