Vale do Norte, sexto mês de 1850.
Prezada Leitora,
Prezado Leitor,
Você já ouviu falar em partenogênese?
Esse termo vem do grego: parthénos, que significa ‘virgem; gênese, que significa ‘nascimento’.
É a capacidade de alguns seres vivos de se reproduzirem sem a presença de um parceiro. Os óvulos da fêmea seriam estimulados por compostos químicos naturais que simulam o ambiente do útero, e começariam a se dividir dando início ao processo de formação do feto.
Soa estranho, não? Mas saiba que é pela partenogênese que alguns animais se reproduzem: salamandras, pulgões, determinados tipos de escorpiões, peixes, tubarões, algumas espécies de abelhas, lagartos como o dragão-de-komodo, comum na Indonésia, são exemplos de que essa forma de se reproduzir funciona bem na natureza.
A abelha-rainha, quando entra em processo de partenogênese, dá à luz somente zangões, o macho da espécie. Isso porque, no reino desses animais, são as fêmeas que têm dois cromossomos distintos para determinar o sexo, diferente dos mamíferos em que as fêmeas carregam os famosos XX, enquanto os machos, os XY.
Os zangões nascem sem ferrão, não podem produzir mel, são maiores do que as fêmeas-operárias e têm como única função localizar e fertilizar outras abelhas-rainha ainda intocadas.
Se um dragão-de-komodo fêmea for deixada sozinha em uma ilha deserta, em alguns anos a ilha estará habitada por seus descendentes. Todos machos.
Biologia à parte, essa explicação se faz necessária para se compreender o que acontece no Planeta Gaia, onde, por conta de uma mutação genética trazida do planeta original pelas Gêmeas Ancestrais, deu-se origem a gerações e gerações de mulheres, todas capazes de dar à luz somente filhas. Caso não decidam engravidar com a participação de um parceiro, claro.
A partenogênese ainda não foi provada como viável entre mamíferos, mas ela acontece entre cada dez ou quinze mil gravidezes. O problema é que o estímulo natural dos óvulos para que se multipliquem geralmente resulta em casos de câncer. O estímulo em laboratório, porém, resulta em células-tronco para uso terapêutico.
Mas, de alguma forma, as Gêmeas conseguiram gerar, de maneira natural, um par de filhas cada uma, saudáveis e perfeitas, que deram continuidade à linhagem das ‘puro-sangue’, como são conhecidas em Gaia.
Sua descendência, por ser muito mais numerosa do que as mulheres e homens sem a alteração genética, acabou tomando conta da sociedade e dos postos de liderança do Vale do Norte.
O próprio Conselho de Sábias é composto somente por mulheres ‘puro-sangue’.
Confira essa história e suas consequências no romance, disponível no site da Editora Polifonia:
https://loja.editorapolifonia.com.br/produtos/filhas-de-gaia/
Hélia Skipas
Conselho de Sábias, GAIA